Processo com psicografia feita por Chico Xavier é repercutido nacionalmente em estudos científicos
O processo com prova psicografada pelo médium Chico Xavier, que teve um veredito que inocentou o bancário João Francisco Marcondes de Deus pelo assassinato de sua esposa, Gleide Dutra de Deus, atingida por um tiro no pescoço, em 1980, continua sendo fonte de estudos por todo o país. Por último, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, campus de Pelotas, por meio do professor Milton Maciel requereu cópias do processo para análise em estudos do curso de Direito.
Para o professor, o processo vai embasar o estudo ?cognição do juiz para motivar sentenças com provas obtidas em informações extra-sensoriais?. Os acadêmicos estão interessados em saber sobre o convencimento de um juiz na análise de um processo.
Para o professor, o processo vai embasar o estudo ?cognição do juiz para motivar sentenças com provas obtidas em informações extra-sensoriais?. Os acadêmicos estão interessados em saber sobre o convencimento de um juiz na análise de um processo.
Para o advogado que atuou na defesa do acusado, Dr. Ricardo Trad, outros inúmeros acadêmicos já o procuraram para obter cópias do processo e embasar monografias de conclusão de curso. O advogado se recorda que já concedeu entrevistas para televisões francesas e, em duas oportunidades, para a Rede Globo, além de suas afiliadas. Isso sem contar a repercussão do processo em inúmeros jornais de circulação nacional e internacional. Agora, o mesmo processo encontra-se em exposição no memorial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul para visitação dos interessados.
O interesse das universidades pelo processo é motivo de orgulho, visto ser uma tese inédita no Tribunal do Júri?, ressalta Dr. Ricardo Trad, que defendeu a psicografia do médium num processo único no Estado.
Histórico ? João Francisco Marcondes Fernandes de Deus foi acusado de ter matado a sua esposa, a ex-miss Campo Grande, Gleide Dutra de Deus, no dia 1º de março de 1980, após voltarem de uma festa, às 0h30min, com um tiro que a atingiu na região da garganta. Os dois moravam na Avenida dos Estados, nº 100, no Bairro Jardim dos Estados e várias testemunhas os viram entrando em casa e depois de uma discussão ouviram os disparos. Por esse motivo, o promotor Francisco Pinto de Oliveira Neto denunciou o acusado para ser julgado pelo Tribunal do Júri.
Em depoimento na delegacia, João Francisco disse que o disparo da arma de fogo havia sido acidental. Ele teria pego a arma do criado mudo e, ao colocar na cintura ela disparou. Após o fato, o acusado se internou no Sanatório Mato Grosso é um hospital psiquiátrico - para tratamento de desequilíbrio emocional, conforme relatórios médicos.
Em juízo, João Francisco alegou que sua mulher estava sentada na cama no momento do disparo e que ele estava pegando a arma para ir com o irmão e um amigo, que o esperavam no carro, para uma outra festa, repetindo a versão do interrogatório na delegacia.
Em março de 1982, o juiz Armando de Lima remeteu o processo ao Tribunal do Júri, por entender tratar-se de homicídio doloso, aquele em que o réu tem a intenção de matar. Depois de debates judiciais entre acusação e defesa, a Turma Criminal do TJMS anulou a sentença de pronúncia e o processo foi remetido para outro juiz, o então juiz Dr. Nildo de Carvalho.
No primeiro júri realizado, os jurados reconheceram, por unanimidade, que o réu não teve a vontade de matar, sendo absolvido. Após a acusação recorrer, foi determinado novo júri e, no segundo julgamento popular, já em 1990, João Francisco foi acusado por homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar.
A defesa usou duas cartas psicografadas por Chico Xavier, em Goiânia-GO, nas quais a vítima inocentava o marido, e ainda, segundo testemunho de enfermeiros que a atenderam no hospital antes de morrer, a vítima teria inocentado o marido. Pelo homicídio culposo, o réu não chegou a ficar preso porque a pena de um ano já havia prescrito, devido o lapso temporal, disse o advogado Dr. Ricardo Trad.
Outros casos de psicografia em processo- Pela primeira vez na história da Justiça do Brasil e do mundo, um juiz de direito absolveu um réu levando em conta um texto psicografado: o fato teria ocorrido em 16/07/1979, quando José Divino Nunes, de 18 anos, foi beneficiado. Ele era acusado de ter matado o amigo Maurício Garcez Henrique, de 16 anos, em Goiânia de Campinas. A vítima transmitiu a mensagem ao médium Chico Xavier, inocentando o amigo.
Num outro caso, em 1982, o deputado federal Heitor Alencar Furtado, de 26 anos, foi morto com um tiro disparado pela carabina do policial José Aparecido Branco e suspeitava-se de que o crime teria conotação política, pois o pai do deputado tinha sido cassado pelo AI-5. O policial insistira que o tiro fora acidental, mas foi condenado a uma pena de 30 anos e, graças à comunicação da vítima já morta, ele se livrou da prisão.
Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul
Por: Eduardo de Lima Nascimento
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